segunda-feira, 31 de outubro de 2011

IMPACTOS AMBIENTAIS DA URBANIZAÇÃO





Para compreendermos as questões relativas aos impactos ambientais gerados pelos processos de urbanização, primeiramente precisamos lembrar que esse ambiente tem particularidades, traz consigo as marcas das construções humanas. Desta forma podemos verificar que tratamos o ambiente urbano através de uma concepção social que inclui concomitantemente  aspectos econômicos e ambientais.
Ao tratar de meio urbano ULTRAMARI apud CATUZZO (2002) o considera um sistema aberto, insustentável e bastante dependente da “hinterland”, que demanda uma imensa quantidade de energia que não é capaz de produzir com auto-suficiência.
Esta demanda de energia (input) em forma de trabalho humano, materiais, combustíveis, recursos naturais dos mais diversos tipos se concentra no meio urbano e, uma vez atendida a demanda, esses fluxos de energia geram um outro  fluxo (output) ampliado de resíduos dos mais variados.
De modo sintético, podemos considerar que é do aspecto concentrador, marcado pelas relações do modo de produção capitalista e da incapacidade de absorção pelo sistema urbano destes resíduos, que surgem uma série de alterações e impactos no meio ambiente urbano contemporâneo.
Da intensificação deste fluxo de energia (input) surgem problemas tais como a queima excessiva de combustíveis fósseis, alterações cada vez mais profundas do uso e da ocupação do solo urbano, alterações climáticas das mais variadas, adensamento populacional entre outros impactos provocados pela urbanização. Vale lembrar ainda que há uma  multiplicidade de impactos não citados. Esta multiplicidade se deve ao fato das cidades, enquanto construções humanas, possuírem particularidades sociais, culturais e ambientais diversas.
Todavia, há aspectos das alterações e impactos causados pelos processos de urbanização que são encontrados nos mais variados tipos de cidades, com maior ou menor intensidade.
Como exemplo, podemos citar o aumento de temperatura nos centros urbanos. Esse, por sua vez, pode ser relacionado ao adensamento de construções humanas que nada mais são do que materiais e trabalho humano empregados de forma concentrada numa dada localidade.
Essa concentração de fatores urbanos específicos tais como efeito de transferência de energia nas construções urbanas enquanto formas particulares de estruturas verticais, cores, albedo e tipos de materiais que as constituem e a diminuição de vegetação levam, consecutivamente, a alterações do ciclo hidrológico e também a problemas como enchentes e deslizamentos de encostas. Este último pode também ser associado a problemas de ordem sócio-ambiental relativos à ocupação de áreas de proteção por parte de uma população de baixa renda, principalmente. 
Os aspectos sócio-econômicos também se traduzem em impactos de ordem sócio-ambiental. Com o aumento da população vivendo em áreas urbanas e as particularidades de como se deu esse processo de êxodo rural no Brasil, as cidades concentraram e agravaram grande parte destes impactos sobre o ambiente que se deu tanto pelo aumento da demanda de infra-estrutura urbana e mais concentração de fluxos de energia, quanto pelas disparidades sócio-espaciais dentro dos próprios centros urbanos e suas conseqüências no uso e ocupação do solo nas cidades.
Atualmente o surgimento de um novo paradigma  relacionado ao desenvolvimento sustentável apresenta-se como a busca de  soluções para um impasse  no planejamento:  questões relacionadas a equidade e eficiência dadas através das relações do modo capitalista de  produção que, por sua vez,  imprimem suas contradições no espaço gerando disparidades e impactos em todos os níveis, sejam eles locais, regionais ou nacionais.
Como lembra CRUZ (1998) os impactos e problemas ambientais de toda ordem nada mais são do que a materialização, no espaço, das distorções e contradições presentes nas relações sociais.
Partindo destas considerações podemos ver que os problemas ambientais possuem em seu cerne uma questão menos visível, mas também fundamental: trata-se do problema estrutural relativo ao modo de produção capitalista e a forma eficiente de se apropriar de recursos e transformá-los em produtos, sem possuir a mesma eficiência para distribuir as riquezas e tecnologias por ele desenvolvidas.
Portanto, a busca por soluções para os problemas ambientais deve se dar através de uma somatória de esforços políticos, institucionais, econômicos e sociais tais como têm sido feitas as propostas como a AGENDA 21, preocupadas com uma nova concepção em desenvolvimento, o desenvolvimento sustentável, inclusive para o ambiente urbano. Somente desta sinergia de forças é possível alcançar mudanças significativas. Do contrário, como alerta MARQUES (2000) este paradigma corre o risco de se transformar em dispositivo de controle ideológico por Estados interessados na perpetuação de um quadro de dominação bastante conhecido, sem levar à grande maioria das populações  os reais benefícios de um modelo preocupado em sanar os problemas sócio-ambientais das diferentes sociedades.

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