sábado, 6 de agosto de 2011

LITERATURA DE CORDEL-TARSO COSTA

Doutô Lorivá Pedroso
Em dia de expediente
De posse de sua cadeira
De prefeito eminente
Passa o tempo em roubalheira
E empregando seus parentes

É do tipo de político
Típico da região
Que transforma a prefeitura
Em reduto de ladrão
E não há dinheiro que vença
Tamanha corrupção

Foi no mês de fevereiro
Tumém ano de eleição
Que recebeu uma visita
Digna de assombração
Apareceu-lhe o capeta
Sem qualqué nunciação

Mas o feito cunticido
Só vem memo revelá
A que ponto no podê
Pode um cidadão chegá
Isso visto na resposta
Que o prefeito ao bicho dá:

_diga que ousadia é essa
Oh grosseria do cacete
Entrando assim dessa forma
Dentro do meu gabinete
Inda mais assim ligeiro
Liso feito um sabonete!

Respondendo ao mandatário
O diabo feiz-se entende:
Ouça-me agora meu filho
Pois não adianta corrê
Se o céu não quer tua alma
Ela a mim vem pertencê!


O doutô assim responde:
Etá que eu já vi de tudo
Meu pai sempre foi careca
E tu cabra é cabeludo
E minha mãe não era vaca
Pra tê marido chifrudo!

O cramunhão se enerva
Grunhindo e arranhando o chão
Mas logo muda a atitude
Acalmando a situação
Dizendo de jeito nobre:
_Fora força de expressão!

Dando inicio a um discurso
O mestre de todo o mal
Tenta mostra suas força
Sobre a fraqueza carnal:
_Quem desafia o demônio
Tem um destino fatal!

O político esperô
O coisa ruim acabá
Pra dispois de modo esnobe
Ao distinto retruca:
_Caro senhor dos inferno
Alto lá, mais devagá!

_Vejo que o nobre colega
Anda meio desinformado
A ditadura acabô
Se tu quer me ver caçado
Vai tê que entrá com ação
Na camara ou no senado…

Mas digo, vai perde tempo
Tamo em ano de eleição
Já foi tudo resolvido
Pra liviá situação
Acabou-se tudo em pizza
por causo de um acordão!

Pois outra vez o tinhoso
Manifestou dando um grito:
_Valha-me toda desgraça
Envoco os seres malditos
Pra levarem tu safado
Pra escuridão do infinito!

_De mardito eu bem entendo
São gente muito ordinária
Se vai pedi o apoio deles
Fala em sifra monetária
Pois é tudo corno infié
A bandeira partidária

O pai das terra entrevada
Firma uma interrogação:
_Estarias tu insinuando
Que meus servos em questão
Por dinheiro deixariam
De jurar-me obrigação?

_Olha, inda te digo mais
Se queres ganhá Respeito
Muda logo esse discurso
Fazendo a coisa direito
Ingualzinho os evangélico
Ultimamente tem feito!

_O que? Grita o beuzebu:
_Eu exijo sem clemência
Revelai-me essa estratégia
Da bendita concorrência!
E o exelentísimo diz
Já sem muita paciência:

O dinheiro de campanha
Juntam tudo direitinho
Justifica como dízimo
Viajando num jatinho
E póia como candidato
O ex governadô Garotinho!

Diz o diabo encabreirado:
_Não, o Garotinho não
O marido da Rosinha
Amante da oposição?
Mas isso é o fim do mundo
Que diabo de mundo cão!

Político muito astuto
Lorivá lhe respondeu:
És memo uma besta fera
Inda não se apercebeu
Tu andas mais sem moral
Que o ex ministro Zé Dirceu!

O pobre anjo excomungado
Berrava em alto e bom tom:
Eu exijo meus direitos
Se não valer meu jetom
Boto a boca no trombone
Como fez o Jefersóm!

_Eis aí o teu problema
Tá ficando demodê
Tem que investí na imagê
E aparece na tevê
Fala com o Duda Mendonça
Que ele sabe o que fazê!

_Será, bem eu não sei não!
Disse o tinhoso abestado:
_Investir em propaganda
Há de gerar resultado?
Isso vai custar dinheiro
E meu bolso tá furado!

_Isso é que é incopetença
Que diabo que tu é
Isso é o que dá tanto tempo
Dependendo só da fé
Titubiá desse jeito
É coisinha de mulé!

O diabo caiu sentado
C’as palavra de Pedroso
E limitou-se a ouvi
Comendo as unha nervoso
Os conselho do prefeito
Experiente e a audacioso:

_Eu não sei como funciona
Nas terra do teu reinado
Mas aqui capeta e anjo
Tão tudo do memo lado
E promessa de campanha
É tudo papo furado

Pra fazê parte da corja
Negue tudo em absoluto
Pegue a parte que lhe cabe
Nesse esquema prostituto
Donde deus se faz careca
De nome Valérioduto…

Toda amizade é bem vinda
Todo valor importante
Em terra de gavião
Não há pinto que se levante
Prova disso é o companheiro
Severino Cavalcante…

Terra de cego quem vê
Inda tem vista embassada
Como diz Boris Casoi
Tudo acaba em marmelada
Faça como o presidente
Que nunca sabe de nada…

Se tu diz ser o diabo
Eu finjo que acredito
Teu voto é tão valioso
Quanto o de São Benedito
E o que eu tinha pra dizê
Afirmo já tenho dito!

Ouvindo aquele relato
Lucifer disisperô
Se sentindo abandonado
Diante de tanto terrô
A aos pranto gritou bem alto:
_ Valei-me nosso Senhor!!

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