abordagem era de ver desenvolvimento e crescimento econômico como sinônimos. O trabalho de Amartya Sen (2004), prêmio Nobel de
Economia em 1998, representa um novo momento para a reflexão sobre desenvolvimento
como o processo de ampliação da capacidade
de os indivíduos terem opções, fazerem escolhas. Relativizando os fatores materiais e os
indicadores econômicos, Sen insiste na amplia-
ção do horizonte social e cultural da vida das
pessoas. A base material do processo de desenvolvimento é fundamental, mas deve ser considerada como um meio e não como um fim em
si. Além da capacidade produtiva, ao postular a
melhoria da qualidade de vida em comum, a
confiança das pessoas nos outros e no futuro
da soc i edade , de s t a c a a s pos s ibi l idade s da s
pessoas levarem adiante iniciativas e inovações
que lhes permitam concretizar seu potencial
criativo e contribuir efetivamente para a vida
coletiva. Sen resume suas idéias sobre o desenvolvimento como as possibilidades que a cooperação e a solidariedade entre os membros da
sociedade trazem ao transformar o crescimento
econômico de destruidor das relações sociais em
processo de formação de capital social ou em
“desenvolvimento como liberdade”.
A expansão da liberdade é o principal fim e meio do desenvolvimento, e só há
desenvolvimento quando os benefícios servem
à ampliação das capacidades humanas. Isto requer que sejam superadas
as principais fontes de privação de liberdade: pobreza e tirania, carência de oportunidades econômicas e destituição total e sistemática, negligência dos serviços públicos
e i n t o l e r â n c i a o u i n t e r f e r ê n c i a d e E s t a d o s
r epr e s s i vos..
E como emerge a complexa relação entre
desenvolvimento e meio ambiente? A incorpora-
ção do marco ecológico nas decisões econômicas e sociopolíticas tem na construção do conceito de desenvolvimento sustentável um referencial
que assume visibilidade, e que coloca o desenvolvimento como uma forma de modificação da
natureza e que portanto, deve contrapor-se tanto os objetivos de atender às necessidades humanas e de outro lado, seus impactos, e dentre estes,
aqueles que afetam a base ecológica. A incorporação do marco ecológico nas decisões econômicas e políticas implica reconhecer que as conseqüências ecológicas do modo como a população
utiliza os recursos do planeta estão associadas ao
modelo de desenvolvimento. Isto se explicita segundo Guimarães (2001, p. 51), pela crise que
afeta o planeta, “o que configura o esgotamento
de um estilo de desenvolvimento ecologicamente
predador, socialmente perverso, politicamente injusto, culturalmente alienado e eticamente repulsivo”. Apesar dessas premissas básicas terem bastante consenso, o “desenvolvimento sustentável”
tem se convertido num conceito plural: não apenas existem diferentes concepções do desenvolvimento em jogo, mas também o que se entende por
sustentabilidade.
As tensões entre desenvolvimento e conservação do meio ambiente ainda persistem, e
o forte viés economicista é um dos fatores de
questionamento do conceito pelas organiza-
ções ambientalistas. Há definição de diferentes
abordagens que apresentam uma diversidade
conceitual, enfatizando, entretanto, as enormes
diferenças quanto ao significado para as sociedades do Norte e do Sul.
As transformações no debate “meio ambiente-desenvolvimento” têm início nos anos de
1970, quando assumem visibilidade publicações
que pretendem mostrar a finitude no interior do
modo de produção capitalista e seus impactos
globais. A partir desse período, o conceito de
desenvolvimento sustentável surge sob diferentes denominações, buscando-se um consenso e
sua institucionalização. O objetivo é o de elevar
a problemática ambiental a um plano de visibilidade na agenda política internacional e fazer
com que a temática penetre.
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